sexta-feira, 3 de abril de 2009

La Bengell, mon amour!

Norma Bengell e Glória Menezes em O Pagador de Promessas





A atriz e diretora de cinema Normal Bengell, depois de ler matéria minha publicada no jornal “Cinco de Outubro”, intitulada “As crises do cinema brasileiro”, enviou-me uma carta que me deixou com o ego inflado.Mar de Rosas aborda o comodismo, a alienação, a intolerância e o medo na vida de dois grupos familiares no eixo Rio-são Paulo.



A câmera da diretora Ana Carolina indaga o tempo todo: Com quem está o poder na realidade brasileira?

Considerada uma das personalidades mais importantes, polêmicas e sensuais do cinema nacional, “Norminha, meu Bengell”, como se expressou Stanislaw Ponte Preta em 1958 quando Norma trabalhava na boate Night and Day no Hotel Serrador, simplesmente me disse em sua missiva: "Beto, é um prazer falar com você via internet, principalmente diante da sua explicação tão lúcida sobre nós. Só um homem sensível e culto como você – que ainda não tive a honra de conhecer pessoalmente, infelizmente – poderia escrever artigo tão lúcido e verdadeiro. Um feliz ano 2000, saúde, inteligência e vida da sempre amiga (pode assim me considerar a partir de hoje) Norma Bengell. P.S.: Mande o seu artigo para o ministro da cultura para ele aprender conosco o que é a nossa vida. Depois que li sua carta, tive vontade de te mandar esta que escrevi do fundo coração. Grande abraço. N.B."



À parte os elogios de minha sempre admirada Norma, desde que quando assisti, em 1978, no Cineclube Antônio das Mortes, a “Os Cafajestes”, dirigido por Ruy Guerra em 1962, vale a pena ressaltou o desabafo verdadeiro de uma artista que vem atravessando cinco décadas dentro do imaginário coletivo de diversas gerações amantes do cinema brasileiro. A íntegra desse desabafo (*) reproduzo no final desse artigo.Para quem não tem o devido conhecimento sobre essa musa, diva do Cinema Novo, vale lembrar que em 1959, Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães D’Áurea Bengell (nascida no RJ em 21 de fevereiro de 1935, filha de pai alemão e de mãe de família rica deserdada após o casamento) estreou como cantora-atriz, na pele de BB, personagem de “O Homem do Sputnik” que satiriza Brigitte Bardot. Tive o prazer de rever o filme recentemente numa oficina de cineclubismo de que participei em Belo Horizonte (MG), em que o diretor Carlos Manga busca a modernidade brincando com a Guerra Fria por causa da suposta queda do satélite russo Sputnik no Brasil – na verdade um bólide metálico que cai no galinheiro de um caipira. Trata-se de uma das melhores comédias do cinema brasileiro, cujo argumento de José Cajado Filho cria uma trama movimentada e divertida, que parodia russos, norte-americanos e franceses, além de criticar a imprensa em geral. O homem-título do filme é Oscarito, mas a sátira vale, essencialmente, pela escultural e irresistível La Bengell.


Tanto que, em 1961, Anselmo Duarte convidou-a para interpretar a prostituta Marli, explorada pelo cáften Geraldo Del Rey, no filme “O Pagador de Promessas”. Aliás, gostaria de abrir parênteses sobre o meu comentário durante o bom debate após a sessão de abertura do Café com Cinema da Cara Vídeo, promovida pelo Cineclube Paradiso, como parte do projeto Cine + Cultura da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD-GO), no dia 31 de março último. (Por sinal, de triste memória desde 1964, início dos anos de chumbo.).Na minha modesta opinião, o filme tem em sua maior preocupação destacar a sincera ingenuidade e devoção do povo, em oposição à burocratização imposta pelo próprio sistema católico em sua organização interior. O texto de Dias Gomes chega a ser maniqueísta aos desmascarar, sem sutilezas, os oportunistas. Tanto o segmento social da cidade, que quer tomar partido da situação da melhor forma possível para eles, quanto o vigário local, que barra o Zé do Burro, impedindo-o de entrar na igreja carregando a cruz fruto de sua promessa e os clérigos, que exigem de Zé uma "retificação" de sua promessa, como também os jornalistas que se interessam pelo caso levantando a bandeira em defesa da "liberdade de expressão" que o vigário estaria colocando em jogo, ou pelo menos pretendem parecer estar fazendo isso, quando na verdade, como é colocado na primeira cena dentro da redação do jornal, eles precisam de notícias que façam dinheiro, e não de notícias de qualidade. Aos olhos da imprensa, o Zé Povinho passa a ser um exemplo dos excluídos sociais e tem a ele agregado o ideal de injustiça e liberdade desejado pelo povo, é associado à "revolução" social, à "reforma agrária" e classificado como "comunista" - sem ao menos ter idéia do que são estes conceitos tão alienígenas ao seu universo.Obviamente que, em meu comentário, ressaltei que o filme conta com uma produção técnica excelente, apoiada pela fotografia de Chick Fowle (como alguns ângulos de câmera que colocam os clérigos sempre de forma superior, enquanto o protagonista é focado com uma câmera baixa, mas também quando a câmera coloca, na sequência final, a igreja de cabeça para baixo e a visão de Zé sentado à escadaria sendo filmado através das grades, preso a situação em que está, mostrando alguns toques especiais). É destacável também a montagem concisa de Carlos Coimbra e excelente e segura direção de Anselmo Duarte, um estreante, que faz excepcional trabalho com os atores (destacam-se Leonardo Vilar, passando toda a humildade e sinceridade de Zé do Burro, e Glória Menezes como sua companheira aflita, assim como Norma Bengell que passa grande credibilidade retratando uma personagem instável e difícil) e consegue um gradual desenvolvimento da narrativa até o clímax final, que se fecha de forma densa e sublime.

Por sua atuação em “O Pagador de Promessas”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes no ano de 1962, Norma Bengell teve a oportunidade de tornar-se uma estrela internacional. De Cannes, ela seguiu para a Itália, onde conheceu o produtor Dino di Laurentis, contracenando na Europa com Alberto Sordi, Jean-Louis Trintignant, Renato Salvatore, Catherine Deneuve, Enrico Sordi e Maria Salerno. Trabalhou na França também com Patrice Chéreau, no Théâtre National Populaire.Entretanto, sem dúvida alguma, o filme que a consagrou definitivamente foi “Os Cafajestes” (1962), um drama moderníssimo influenciado pela Nouvelle Vague. Produção tumultuada, foi o primeiro filme no Brasil dirigido pelo moçambicano Ruy Guerra (“Os Fuzis”, de 1963), um clássico do Cinema Novo que causou escândalo ao exibir o primeiro nu frontal da história do cinema brasileiro. Protagonizado por Hugo Carvana e Jece Valadão, dois vigaristas que levam Norma Bengell para tirar umas fotografias em praia deserta, com intenção de fazer chantagem. Sempre polêmica, temperamental e de difícil trato, Norma sofreu grande perseguição dos setores conservadores por conta dessa cena em que aparece nua na praia, sofrendo ataques da Igreja e das mulheres da organização Tradição, Família e Propriedade (a famigerada TFP). Por sinal, em 1962, ao ser convidada a participar de um show de Bossa Nova na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a excomungada Norma foi impedida pelos padres da PUC-RJ de cantar, porque se declarou a favor da pílula anticoncepcional.



Em 1964, depois de voltar ao Brasil, após seu giro pela Europa, Norma Bengell atuou em “Noite Vazia”, de Walter Hugo Khoury, outro filme polêmico e fundamental. Ao lado de Odete Lara, Bengell lança-se numa noite de prazer que acaba em tédio e angústia. É um dos filmes mais expressivos do cinema brasileiro dos anos 1960, com ótima fotografia em preto-e-branco de Rudolph Icsey, com destaque também para as atuações de Mário Benvenuti e Gabriele Tinti. Na época, o filme provocou polêmica, pela sinceridade com que aborda o tema da sexualidade. Abriu o caminho para uma temática sempre perseguida pelo diretor: a da procura, da busca de perspectivas ainda unida à solidão, às crises existenciais e morais. O filme delimita a temática e o estilo de Khoury entre o sueco Ingmar Bergman e o italiano Michelangelo Antonioni.



Ainda em 1964, Norma Bengell foi sequestrada pelo DOI-CODI. Decidiu então autoexiliar-se em Paris. Ao retornar ao Brasil, cinco anos depois do autoexílio na França, ela deu sequência a uma bem-sucedida carreira brasileira e brilhou em filmes de cineastas de diferentes escolas. Participou de “O Anjo Nasceu”, de Júlio Bressane, filme onde o diretor descreve errâncias nas asas do desejo, com uma narrativa acronológica, mostrando marginais de segunda classe que “voam” sem sentido numa paisagem cinzenta e depressiva, Com Rogério Sganzerla, em 1977, ela faria “Abismu” em que, na Pedra Bonita do Rio de Janeiro, ocorre um crime que deixa um egiptólogo como testemunha a ser seguida por Madame Zero (Norma Bengell), contratada pelos assassinos. A partir dessa trama Sganzerla fala sobre o misticismo e a condição humana.Com diretores do Cinema Marginal, além de “Abismu”, atua também em “Tabu”, de Júlio Bressane; com diretores do Cinema Novo em “A Idade da Terra”, de Glauber Rocha, “Os Deuses e os Mortos”, de Ruy Guerra e “A Casa Assassinada”, de Paulo César Saraceni.



Atuou ainda com novos cineastas como Ana Carolina em “Mar de Rosas”, e Jorge Duran de “A Cor do Seu Destino”.Norma Bengell chegou também a gravar discos como cantora: “Oh Norma!” e “Norma Canta Mulheres” são títulos de dois de seus trabalhos.



Ela também se enveredou para a direção. Sua primeira incursão como diretora se deu ainda na década de 1970, com o curta-metragem “Maria Gladys, Uma Atriz Brasileira”, realizado em 1979, em que assina a direção e o roteiro. No mesmo ano escreve e dirige outro curta, “Barco de Iansã”, em que focaliza uma festa de candomblé no Rio de Janeiro. Em 1980, ela escreve e dirige seu terceiro curta, “Maria da Penha”, sobre o universo das creches para meninos abandonados.



Em 1987, Norma Bengell estreia no formato longa-metragem levando para às telas a vida de Patrícia Galvão, musa do surrealismo, em “Eternamente Pagú”. Protagonizado por Carla Camurati, que ganhou o Troféu Kikito de melhor atriz no Festival de Gramado, na pele de uma das mais polêmicas figuras do modernismo brasileiro nos seus tumultuados relacionamentos com grandes personalidades da intelectualidade - como Oswald de Andrade com quem viveu, ao lado de Tarsila Amaral, um triângulo amoroso – o filme tem um roteiro linear e carente de dramaticidade, tendo enfrentado problemas financeiros que comprometeram a produção.



Em 1996 realizou seu segundo e último longa até agora, “O Guarani”, versão que tem no elenco Márcio Garcia, Tatiana Issa, Glória Pires, Herson Capri e Marco Ricca. O filme foi muito mal recebido pela crítica, levando Norma a reagir exaltadamente sob a alegação de estar sendo vítima de perseguição política.Norma Bengell entrou os anos 2000 ao realizar o média-metragem “Infinitivamente Guiomar Novaes”, realizado em 2003. Trata-se de uma arrebatadora história de amor, de Maria Stella Orsini, que não só preenche uma lacuna na história da cultura brasileira, como torna o nome de Guiomar mais conhecido pelo povo que ela tanto amava. Ao revelar uma artista tão plena, Norma Bengell busca resgatar, das sombras do esquecimento, aquela que foi considerada uma das mais extraordinárias entre os maiores pianistas de todos os tempos. O documentário, de 43 minutos de duração, demonstra que não se pode escrever a história da música no Brasil, sem lembrar o nome de Guiomar, tão exaltado no exterior, mas tão pouco reconhecido entre nós. Durante 71 anos, numa longa carreira de sucessos, ela se destacou pelo estilo requintado e por sua elegância despretensiosa, favorecidos por uma técnica magistralmente dominada e pelo mais perfeito entendimento da linguagem musical. Tudo isso aliado ao incomparável som cantante e uma ilimitada riqueza de efeitos de sonoridade que encantaram várias gerações, Guiomar é uma pianista que surpreende pela originalidade criadora em suas interpretações. Que o público brasileiro deste milênio redescubra esta artista maior e se encante com o cantar de sua alma em seus dedos mágicos.






(*) O desabafo da musa do cinema novo






“Beto, é um prazer falar com você via internet, principalmente diante da sua explicação tão lúcida sobre nós. Só um homem sensível e culto como você – que ainda não tive a honra de conhecer pessoalmente, infelizmente – poderia escrever artigo tão lúcido e verdadeiro. Um feliz ano 2000, saúde, inteligência e vida da sempre amiga (pode assim me considerar a partir de hoje) Norma Bengell. P.S.: Mande o seu artigo para o ministro da cultura para ele aprender conosco o que é a nossa vida. Depois que li sua carta, tive vontade de te mandar esta que escrevi do fundo coração. Grande abraço. N.B.”






Não precisa levar ao pé da letra, mas o que sinto no fundo do coração é que nós artistas brasileiros no geral somos pedintes. Eu, da minha parte, estou cansada de pedir. Pede-se ao governo as leis, eles dão, afinal as leis são para pedir; pede-se, pede-se, pede-se! Qual é a diferença entre um artista pedinte e o pedinte das ruas? A humilhação é a mesma; têm uns que dão, outros que dizem não, outros que te atendem uma vez gentilmente e nunca mais te atendem, e você continua insistindo para não morrer na praia e de fome, porque a nossa profissão não é respeitada, e nós, para produzirmos, precisamos do dinheiro ou do estado ou das empresas, não somos uma indústria cultural. Somente quem está numa empresa como a Rede Globo tem o privilégio de ser chamado para comerciais, e assim ganham seu dinheiro sem serem pedintes; montam suas peças de teatro, o público vai ver seus mitos, que ganham mais dinheiro. Bendito sejam eles!






Hoje resolvi que não peço mais nada a ninguém, não quero mais, tenho uma carreira internacional, sempre fui amada e respeitada nos países que trabalhei, sempre elevando o nome do meu país. Me lembro do dia da estreia da peça de Marivaux em Paris: fiquei tão emocionada de estar pisando no palco mais importante da Europa, que senti um orgulho enorme em ser brasileira e me sentia como alguém que estava representando todos os atores brasileiros naquele palco dirigida por Chéreau, o melhor da Europa que me encontrou por um acaso na rua, havia visto meus filmes italianos e me convidou para estrelar a peça de Marivaux. Eu, com todo o sucesso e carinho que recebia, só pensava em voltar para o Brasil. Meus amigos dizem que sou igual ao Tom Jobim. Lembro-me que quando o avião o avião começava a contornar o Rio, era sempre na Varig que eu vinha, eu pedia uma guaraná, ouvia o samba do avião e meu coração sangrava de emoção e de alegria. Deixei vários filmes, convites importantes por este país que me dava esperanças de um futuro melhor.E assim foi, voltei para virar pedinte, para ver meus amigos morrerem como o Glauber, pedindo dinheiro para filmar. Ele morreu nos meus braços, eu vi a morte de um gênio pedinte. Não se assustem com este grito, mas somos pedintes, abandonados e não temos espaço para nossas obras. Mas gostem ou não, são nossas. Vou deixar de fazer cinema, quero ser feliz, não quero frustrações, não quero ver meus amigos e inimigos com vontade de fazer um filme e não poderem, porque para alguns as portas não abrem nem para dizer NÃO. É tudo controlado, é tudo como é o Brasil: pedintes.






Desde 68 que peço patrocínio para peças, filmes, depois veio o exílio e lá, por incrível que pareça, fui feliz, não era pedinte, era uma artista respeitada. Às vezes, eu até ria ao ouvir o diretor de cena me chamar, pois era a minha hora de entrar em cena, de ‘Madame Bengell, em cena por favor!’. Os maldosos podem dizer: ora, por que não ficou lá? Já respondo logo: por amor e carinho por uma nação e uma cultura; sentia falta de falar português, ser estrangeiro é terrível, é ser estranho ao lugar, tenho o maior amor e respeito aos imigrantes.Quando trabalhei com Maria Casares, na peça do Genet ‘Les Paravants’, dirigida ainda por Chéreau, em 83, um dia estava diante da musa de Camus e me senti tão honrada que esqueci o texto, ela me olhava espantada e de repente o texto voltou à minha cabeça. No final da peça ela me chamou e me disse: ‘Ça, cest léxile!’E quando terminou meu contrato, voltei e fiquei aqui, para virar pedinte, junto com todos vocês. Pedinte, e quando conseguimos, existem desconfianças sobre o nosso procedimento. Acho que é demais. Para mim, basta! Não tenho mais estrutura para este sofrimento, minhas portas agora estão abertas e não estão mais fechadas como noticiou a coluna do SWAN. Estou livre, completamente livre, não quero e nem vou pedir mais nada a ninguém, eu mesma retirei minhas amarras, faço minha revolução humana, vamos ver o que será o futuro, isto é liberdade.Agradeço a todos que me apoiaram nesta minha estória que para mim é trágica, mas tudo será esclarecido e minha moral restaurada diante do público que me prestigiou.






Um abraço desta sua amiga que trabalha há 49 anos no show business e há 45 anos no cinema, e eu sempre disse: corro atrás da felicidade e no momento que o cinema quiser me fazer infeliz, não por culpa dele mas por culpas obscuras, eu deixaria esta profissão, não quero ser a dona da palavra, a melhor atriz ou a melhor diretora, quero ser apenas uma artista em busca de emoções e modificações neste mundo.



Norma Bengell.”



(Carta publicada no jornal “Cinco de Outubro” – Goiânia (GO), 29 de dezembro de 1999)
Apenas um lembrete: para quem não sabe, Stanislaw Ponte Preta era o pseudônimo do jornalista Sérgio Marcus Rangel Porto (nascido no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1923 e falecido no dia 30 de setembro de 1968) foi um cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro.Sérgio começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, atuando em publicações como as revistas Sombra e Manchete e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca. Nesse mesmo período Tomás Santa Rosa também atuava em vários jornais e boletins como ilustrador. Foi aí que surgiu o personagem Stanislaw Ponte Preta e suas crônicas satíricas e críticas, uma criação de Sérgio juntamente com Santa Rosa - o primeiro ilustrador do personagem -, inspirado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade. Porto também contribuiu com publicações sobre música e escreveu shows musicais para boates, além de compor a música "Samba do Crioulo Doido" para o teatro rebolado.Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, ele definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB - Música Popular Bem Brasileira. Era boêmio, de um admirável senso de humor e sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar capaz de fazer piadas corrosivas contra a ditadura militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País, uma de suas maiores criações. Foi também o criador e produtor do concurso de beleza “As Certinhas do Lalau”, onde figuravam vedetes de primeira grandeza, como: Anilza Leoni, Diana Morel, Rose Rondelli, Maria Pompeo, Irma Alvarez e, claro, Norma Bengell.O FEBEAPÁ tinha como característica simular as notas jornalísticas, parecendo noticiário sério. Era uma forma de criticar a repressão militar já presente nos primeiros Atos Institucionais (que tinham a sugestiva sigla de AI). Um deles noticiou a decisão da ditadura militar de mandar prender o autor grego Sófocles, que morreu há séculos, por causa do conteúdo subversivo de uma peça encenada na ocasião (anos 1960). Satirizando o colunista Jacinto de Thormes (pseudônimo de Maneco Müller), Porto, na pele de Stanislaw, criou uma seção chamada "As Certinhas do Lalau", onde cada edição falava de uma musa da temporada, e muitas vedetes e atrizes foram eleitas "certinhas" pela pena admirável do jornalista. Porto, que morreu de infarto aos 45 anos de idade, não viveu para presenciar o Ato Institucional Nº 5, mas em sua memória um grupo de jornalistas e intelectuais fundou o semanário “O Pasquim”, em 1969.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Regulamento da 7ª ABD Cine Goiás no Fica

Regulamento Mostra ABD-GO

Associação Brasileira de Documentaristas – Seção Goiás

VII ABD CINE GOIÁSMostra Competitiva 17 a 19 de junho de 2009

REGULAMENTO

DATA E LOCAL

Artigo 1º - A VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva ocorrerá simultaneamente ao XI FICA na Cidade de Goiás, Estado de Goiás, no período de 17 a 19 de junho de 2009, contando este ano com a parceria, para efeitos jurídicos e tributários, do Centro de Recursos Alternativos de Audiovisual – CARA VIDEO.

DA FINALIDADE
Artigo 2º - A VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva tem a finalidade de divulgar, exibir e premiar obras audiovisuais de longas, médias e curtas-metragens, de ficção, animação, documentais e experimentais, de realizadores goianos.

Parágrafo Único - Entende-se por realizadores goianos, para efeito de participação na VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva, pessoa física ou jurídica, radicada no Estado de Goiás em tempo igual ou superior a 02 (dois) anos.

DA INSCRIÇÃO
Artigo 3º - Estão aptos a serem inscritos os filmes e vídeos realizados a partir de 2008, em qualquer formato de captação e finalização, que não tenham sido selecionados na mostra anterior (VI ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva).

Artigo 4º - As inscrições poderão ser feitas no período de 27 de março a 09 de abril de 2009 através de preenchimento de formulário próprio disponível nos sites www.fica.art.br ou www.abdgo.blogspot.com.

Parágrafo 1º - O formulário deverá ser enviado para o e-mail: abdcinegoias@gmail.com e pelos Correios para o seguinte endereço: VII Mostra ABD Cine Goiás, Centro Cultural da CARA Vídeo - Rua 83, nº 361, Setor Central, CEP: 74.083-020, Goiânia – Goiás. Somente serão aceitas inscrições postadas até a data final com os seguintes itens:

a) 3 (três) cópias em DVD com identificação do filme e em estojo próprio;b) Fotocópia da Identidade do realizador ou do produtor responsável pela inscrição;c) Fotocópia de comprovante de endereço (água, luz, telefone), de pessoa física ou jurídica, no Estado de Goiás datada de tempo igual ou superior a 02 (dois) anos.d) Formulário devidamente preenchido e assinado pelo produtor ou realizador responsável pela inscrição.e) CD com sinopse, ficha técnica, fotos do filme e dos realizadores, para divulgação. f) CartazParágrafo Único – As inscrições não poderão ser realizadas pessoalmente, somente através de postagem. Os filmes em DVD que tiverem problemas na leitura estarão desclassificados. Os DVDs deverão chegar até o dia 15 de abril de 2009.

Artigo 5º - As cópias em DVD servirão para a seleção e não serão devolvidas, passando a fazer parte do acervo das ABD-GO, ABD-TO e ABD-MS para uso não comercial.

Parágrafo Único – Os DVDs do acervo da ABD-GO poderão, a critério dos organizadores, ser utilizados em mostras culturais e em eventos realizados pelos organizadores ou entidades afins, sempre sem fins lucrativos.

Parágrafo 2º - Mediante autorização prévia do realizador/produtor, conforme opção assinalada na Ficha de Inscrição da VII ABD Cine Goiás Mostra Competitiva, a obra inscrita fará parte do acervo do CNC – Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, podendo ser exibida no Circuito Cineclubista em todo o Brasil. Neste caso, o realizador poderá enviar mais um DVD.

Artigo 6º - Os produtores/realizadores das obras selecionadas serão informados da seleção a partir do dia 05 de maio de 2009. Data em que o resultado será anunciado no Centro Cultural da CARA Vídeo, às 19h30, antes da sessão do Cineclube da ABD-GO (Cine Cascavel).
Parágrafo 1º - As cópias em Mini-DV, 16 ou 35 milímetros para exibição deverão ser entregues aos organizadores da VII ABD Cine Goiás Mostra Competitiva no Centro Cultural da CARA até o prazo final de 20 de maio de 2008.

Parágrafo Único – O descumprimento do Parágrafo 1º significará desistência do inscrito em participar da VII ABD Cine Goiás Mostra Competitiva, ficando a cargo do júri de seleção deliberar sobre a necessidade ou não do preenchimento da grade. As cópias enviadas para exibição estarão à disposição dos produtores/realizadores na sede da ABD-GO para serem retiradas até 90 (noventa) dias após o término do Festival.

DA SELEÇÃO
Artigo 7º - Uma Comissão de Seleção, composta por 03 (três) afiliadas da ABD Nacional, indicada pela ABD-GO, selecionará, dentre as obras inscritas, aquelas que participarão da VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva, tendo total autonomia para desclassificar as obras que, segundo seu julgamento, não se enquadrarem nos critérios de seleção da VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva, não cumprirem o Artigo 4º ou não atenderem às exigências do presente regulamento.

Parágrafo Único - É vedada a participação no Júri de Seleção ou Júri Oficial, de pessoas com qualquer vínculo com produções inscritas na Mostra.

Artigo 8º - A organização da VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva se responsabilizará pela guarda e conservação das obras recebidas e, em caso de dano ou perda, o ressarcimento nunca poderá superar o preço de custo da cópia atingida.

DA PREMIAÇÃO
Artigo 9º - Será constituído um Júri com 03 (três) membros de destacada atuação audiovisual coordenados por um presidente, responsável pelas atas de reuniões, sendo as decisões soberanas e irrecorríveis.

Artigo 10º - O Júri concederá os seguintes prêmios oficiais:
1- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) para o melhor filme;
2- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para o melhor Diretor;
3- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para o melhor Diretor de Fotografia.
4- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para o melhor Montador/Editor;
5- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para o melhor Roteiro;
6- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para a melhor Trilha Sonora;
7- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para a melhor Animação;
8- Troféu Pedra Goiana e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para a melhor Ficção;
9- Prêmio Eduardo Benfica (Troféu Claquete) e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para o melhor Documentário;
10- Prêmio Fifi Cunha (Troféu Claquete) e mais R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para o melhor Curta Metragem;
11- Prémio Seu Ico para o melhor filme Ambiental;
12- Troféu Pedra Goiana para o melhor filme eleito pelo Júri Popular.
Parágrafo Único - Serão admitidos outros prêmios e menções honrosas oferecidos por instituições locais, nacionais e internacionais desde que previamente aprovados pela organização da VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva, sendo a escolha e a entrega dos mesmos de responsabilidade das instituições que os proporem.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
Artigo 11º - A organização da VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva reserva-se o direito de exibição, sem ônus, em cinema e televisão, de extrato da obra selecionada para efeito de divulgação da Mostra.

Artigo 12º - As obras selecionadas poderão ser exibidas, em seu formato original, em um prazo igual ou inferior a 90 (noventa) dias, após o encerramento do Festival, em salas de cinema, em sessões não comerciais, salvo restrição expressa do seu produtor/realizador.

Artigo 13º - A assinatura do produtor/realizador na ficha de inscrição implica na aceitação deste Regulamento.

Artigo 14º - Os casos omissos neste Regulamento serão dirimidos pela organização da VII ABD CINE GOIÁS Mostra Competitiva, sendo a decisão irrevogável.

VIVIANE LOUISEVice-Presidente da ABD-GO





FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO



1- Título:

2- Ano de Produção:

3- Gênero:
( ) Documentário ( ) Ficção ( ) Animação ( ) Experimental

4- Formato:
( ) 35mm ( ) 16mm ( ) Beta SP NTSC DVcam NTSC ( ) Mini-DV ( ) Outro:

5- Metragem:
( ) Curta ( ) Média ( ) Longa

6- Duração (00:00:00):

7- Cor
( ) Colorido ( ) Preto e Branco ( ) Colorido e Preto e Branco

8- Janela de Exibição
( ) 1.33 ( ) 1.66 ( ) 1.75 ( ) 1.85 ( ) 2.35 (Cinemascope)

9- Som
( ) Ótico ( ) Magnético ( ) Banda Dupla ( ) Dolby: _________
( ) Mono ( ) Stereo ( ) Mudo

10- Ficha Técnica
Direção:
Argumento:
Roteiro:
Fotografia:
Montagem/Edição:
Trilha Sonora:
Som:
Direção de Arte:
Animação:
Desenho:
Produção ou Produtora:



11- Elenco Principal (se houver)





12- Sinopse







13- Produtora:
Endereço (rua, bairro, cidade, CEP):
Telefone/Fax:
E-mail:


14- Contato:
Endereço do Diretor (rua, bairro, cidade, CEP):
Telefone/Fax:
E-mail:


( ) Autorizo que esta obra faça parte do acervo do CNC – Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, podendo ser exibida no Circuito Cineclubista em todo o Brasil. A partir de (mês/ano):

( ) Autorizo que esta obra seja exibida no Cine Cascavel (Cineclube da ABD-GO) e em outros cineclubes apoiados pela ABD-GO, sem cobrança de ingresso.



Autorizo a veiculação de fotos, som e imagens em TV, CD-Rom, jornais e Internet para divulgação do filme inscrito e do Festival. Autorizo a exibição não comercial desta obra inscrita em atividades ligadas ao Festival. Declaro conhecer e estar de acordo com o regulamento da VII ABD Cine Goiás.




Goiânia, de de 2009





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(Assinatura)

domingo, 8 de março de 2009

CINE CASCAVEL HOMENAGEIA AS MULHERES

Na semana que homenageia a mulher, o Cine Cascavel, através do Cine + Cultura da Associação Brasileira de Documentaristas - Seção Goiás (ABD-GO), exibirá seis curtas sobre os Olhares Femininos, entre eles, o goiano "Meu Batom Tem Um Quarto" e "Três Minutos", exibido em Cannes. Após a sessão haverá uma mesa de debate sobre as obras.

Com o intuito de criar o hábito cineclubista, a ABD-GO terá exibições gratuitas no ano de 2009 toda terça-feira, às 20 horas, no Centro Cultural da CARAVÍDEO (Rua 83, nº 361 - Setor Sul).
O Cine + Cultura da ABD-GO conta com a parceria da CARA VÍDEO, do Sebrae-GO e apoio do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), da ABD Nacional e do Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual.

Olhares Femininos

A diversidade da condição feminina em seis diferentes olhares de mulheres cineastas. A sessão “Olhares Femininos” não justifica seu título simplesmente por ser composto de seis curtas-metragens dirigidos por mulheres, mas, sim pelo compromisso de todos estes trabalhos em se deixar envolver pela sensibilidade das personagens femininas que os protagonizam. A sexualidade é protagonista de Messalina, de Cristiane Oliveira – com a particularidade de a protagonista ser deficiente visual. Exibido no Festival de Cannes, o engenhoso Três Minutos, de Ana Luiza Azevedo, trata de decisões que podem mudar nossa vida. Na animação Desventuras de Um Dia, ou A Vida Não é Um Comercial de Margarina, de Adriana Meirelles: um estressante dia de trabalho ganha redenção através do amor. Uma jovem mãe tem as agruras de um duro cotidiano compensadas através do contato com sua filha em Dalva, de Caroline Leone.

No único documentário da sessão, Meu batom tem um Quarto, dos realizadores goianos Alyne Fratari e Leandro di Oliveira, também a sexualidade é tema da história contada sobre o cotidiano de dançarinas de uma boate no centro de Goiânia.

Encerrando o programa, Estória Alegre, de Cláudia Pucci, é baseado em texto de Anton Tchecov e retrata uma situação de risco com desfecho extremamente prazeroso.

SERVIÇO

Sessão Cineclube Cine Cascavel - Exibição de seis curtas sobre diversidade da condição feminina, seguida de debate.
Data: 10 de março de 2009
Horário: 20h Local: Centro Cultural CARAVÍDEO - Rua 83, n.º 361, Setor Sul - Goiânia-GO (CLASSIFICAÇÃO: 16 ANOS) ENTRADA FRANCA

CONTATO, INFORMAÇÕES SOBRE OS DEBATEDORES E FOTOS PARA IMPRENSA - Carolina Paraguassú (1ª Secretária da ABD-GO) carolparagua...@gmail.com / (62) 8119-6369 - Luiz Felipe Mundim (Coordenador do Cine + Cultura da ABD-GO) luizmun...@gmail.com / (62) 8453-2568

OS FILMES

*- Messalina Cristiane Oliveira , RS, 2004, Fic, Cor, 35mm, 14’* Um telefone público insiste em tocar numa avenida de Porto Alegre. Isabel, uma jovem cega, atende o chamado. Um convite faz com que ela mergulhe numa fantasia que irá ajudá-la a quebrar os limites impostos por sua deficiência.

*- 3 Minutos Ana Luiza Azevedo , RS, 1999, Fic, Cor, 35mm, 6’* Três minutos. O tempo de passar o bastão e correr 1600 metros. De cozinhar um ovo. O tempo de tomar uma decisão que pode mudar a sua vida, antes que caia a ficha.

*- Desventuras de Um Dia ou a Vida Não é Um Comercial de Margarina... Adriana Meirelles, SP, 2004, Ani, Cor, 10’* Logo cedo, trânsito e preocupações ocupam os pensamentos de Luíza. Mal começa a trabalhar e já se vê envolvida nas situações cotidianas que a irritam e entediam. Assim passa o seu dia, tentando cumprir o fluxo de trabalho e assumindo elementos metafóricos de seus sentimentos em cada momento. No final do dia volta para casa cansada. Junto ao namorado, se “restaura” e num beijo final o mundo parece ter outras cores. Redenção do poder do amor e do sexo.

*- Dalva Caroline Leone , SP, 2004, Fic, Cor, 16mm, 10’* Visão poética do cotidiano de uma mãe solteira vivendo na cidade de São Paulo. O sonho contado pela filha transforma seu dia em objeto de reflexão sobre as possibilidades individuais de felicidade.

*- Meu Batom Tem Um Quarto Alyne Fratari e Leandro di Oliveira, GO, 2007, Doc, 17’ *Mulheres! Uma observação poética sobre um cinema diferente. Um cinema que pode estar espalhado no centro de qualquer cidade brasileira.

*- Estória Alegre Claudia Pucci , SP, 2002, Fic, Cor, 16mm, 9’ *Isso aconteceu há muito tempo. Soube, depois de anos, da alegria com que Nádia sempre se lembrou das descidas, do som das rodas no concreto, das palavras ao vento.

domingo, 1 de março de 2009

Cineclube da ABD-GO inicia atividades de 2009


MODERNISMO, TROPICALISMO E CHANCHADA NO CINE CASCAVEL DA ABD-GO
Cine Cascavel comemora os 40 anos de sucesso de "Macunaíma", sempre lembrado com entusiasmo pelo público brasileiro.

O Cine Cascavel, o Cine + Cultura da Associação Brasileira de Documentaristas - Seção Goiás (ABD-GO), inicia na próxima terça-feira, dia três de março, as atividades regulares de 2009. A partir das 20 horas será exibido no Centro Cultural CARAVÍDEO (rua 83, n.º 361 - Setor Sul, Goiânia) o filme “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), baseado na obra homônima de Mário de Andrade (1893-1945). Após a sessão haverá uma mesa de debate sobre as obras, abordando Cinema e Literatura.

Cineclubismo e organização democrática do público
Ainda que não pareça, a concentração de salas comerciais de cinema no território nacional é de apenas 8%. Além disso, a cota de tela, dispositivo legal que determina o número de dias de exibição obrigatória de filmes brasileiros anualmente, diminuiu em 2007 nos complexos de cinema com até quatro salas, que são a maioria no país. A cota de tela, que já foi de 140 dias com o extinto Conselho Nacional de Cinema (Concine), hoje é de 28 dias, quantidade mínima aprovada em 2007 e mantida para os anos de 2008 e 2009.

A difusão de obras audiovisuais brasileiras é reconhecidamente reduzida nos meios, permanecendo inéditas para grande parte da população do pais. Esses são alguns dos fatores que motivam as ações dos cineclubistas, em especial o Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), que articulou junto ao Ministério da Cultura a criação do Cine + Cultura, dentro do Programa Mais Cultura.

Através de editais e parcerias diretas, a iniciativa disponibiliza equipamento audiovisual de projeção digital, obras brasileiras do catálogo da Programadora Brasil e oficina de capacitação cineclubista.

A ação busca democratizar o acesso do público ao cinema, através de fomento do pensamento crítico, tendo como principal base obras audiovisuais brasileiras. O Cine + Cultura inaugura, também, o Circuito Brasil, banco de dados habilitado a contabilizar o público do circuito não-comercial do país, capaz de emitir relatórios por filme, por unidade da federação, entre outros recortes. Para saber mais detalhes sobre o programa, do qual a ABD-GO faz parte desde 2007, visite o site www.cinemaiscultura.org.br/index.html.

Exibição toda terça-feira
Toda terça-feira às 20 horas, no Centro Cultural da CARAVÍDEO, charmosa construção com fachada de tijolinhos à vista da Rua 83 no Setor Sul, o Cine + Cultura da ABD-GO garantirá exibição de filmes que se enquadram no perfil não comercial. As sessões trarão sempre filmes expoentes do cinema brasileiro de todos os tempos, de todas as regionalidades, inclusive a efervescente produção goiana contemporânea.

Dentro da proposta da ação está incluída, também, a abertura a outros cineclubes e entidades interessadas em realizar sessões de seu interesse, além de novos apoiadores. Exemplo disso é a parceria com o Cineclube Paradiso, o cineclube da CARAVÍDEO, reconhecida instituição no ramo audiovisual alternativo em Goiânia que é parceira da ação. O Cine + Cultura da ABD-GO também conta com a parceria do Sebrae-GO e apoio do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), da ABD Nacional, do Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual.

40 anos de Macunaíma no cinema
Nesta terça-feira, a sessão do Cine Cascavel comemorará os 40 anos de sucesso de Macunaíma, sempre lembrado com entusiasmo pelo público brasileiro.

O diretor Joaquim Pedro de Andrade inovou a estética do movimento cinemanovista ao incorporar elementos da chanchada, através da atuação de Grande Otelo, e transfigurou fatos da vida política que invadiram o relato épico das andanças de seu protagonista entre figuras da mitologia popular brasileira.

O filme permite muitas interpretações, com alusões ao desenvolvimentismo, ao antropofagismo, ao tropicalismo e à luta armada durante a ditadura militar, já empenhada por alguns dos opositores ao regime em 1969, ano de lançamento do filme. Tudo isso sem perder ligação com a obra literária modernista na qual se baseia, que fora lançada em 1928 por Mário de Andrade.

Na época do lançamento do filme, a censura impôs 16 cortes de sequências inteiras de nus. Após negociações, este número foi reduzido para três. Joaquim Pedro de Andrade, que também dirigiu “Os Inconfidentes” (1972), atualiza o legado Modernista e aproxima o Cinema Novo ao grande público.

Vencedor de alguns prêmios importantes, como o troféu Candango no Festival de Brasília de 1969, nas categorias de melhor ator (Grande Otelo), melhor cenografia e figurinos (Anísio Medeiros), melhor roteiro (Joaquim Pedro de Andrade) e melhor ator coadjuvante (Jardel Filho), e melhor filme no Festival Internacional de Mar del Plata de 1970, na Argentina.

De toda forma, seu maior prêmio é o status de clássico do cinema brasileiro, aferido pelo passar do tempo e, a ser conferido na sessão do dia três de março no Centro Cultural da CARAVÍDEO, pelo público e debatedores especializados que lá irão compor mesa após a sessão.

O debate será travado por Marcelo Ribeiro, Professor Mestre em Antropologia Social do curso tecnológico de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury e Rogério dos Santos, Professor Doutor de Literatura Portuguesa e Brasileira da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás e público presente, com mediação do jornalista e presidente da ABD-GO Beto Leão.

FILME
- Macunaíma Joaquim Pedro de Andrade, 1969, 105', DVD (CLASSIFICAÇÃO: 12 ANOS)
Macunaíma é a história de um anti-herói, ou um herói sem nenhum caráter, nascido no fundo da mata virgem. De preto vira branco e troca a mata pela cidade, onde vive incríveis aventuras, acompanhado de seus irmãos. Na cidade, segue um caminho zombeteiro, conhecendo e amando a guerrilheira Ci e enfrentando o vilão milionário, Venceslau Pietro Pietra, para reconquistar o amuleto que herdara de Ci, o muiraquitã.

DEBATE
Prof. Dr. Rogério Santana dos Santos - Professor de Literatura Portuguesa e Brasileira da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo – USP (2004), mestre em Poesia de Mário de Andrade pela UFG (1994) e graduado pela UFG (1983). Possui textos publicados na área de cinema e literatura.

Prof. Ms. Marcelo Rodrigues Souza Ribeiro - Professor do curso tecnológico de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008) e graduado em Ciências Sociais com habilitação em Antropologia pela Universidade de Brasília – UnB (2005). Pesquisador em Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem, com foco nas representações (fotográficas, videográficas e cinematográficas) da África. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine).

Beto Leão - Jornalista e presidente da ABD-GO. Especialista em Cinema pela UnB (1985) e graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela UFG (1982). Cineclubista, diretor e roteirista de Cinema, tendo realizado seis obras cinematográficas. Escritor, tendo publicado, entre outras obras, a “Enciclopédia do Cinema Brasileiro” (Ed. Senac, São Paulo, 2000).

Fonte: Associação Brasileira de Documentaristas - Seção Goiás (ABD-GO)

SERVIÇO
Sessão Cineclube Cine Cascavel - Exibição de Macunaíma seguida de debate
Data: 3 de março de 2009
Horário: 20h
Local: Centro Cultural CARAVÍDEO - Rua 83, n.º 361, Setor Sul - Goiânia-GO

CONTATO E FOTOS PARA IMPRENSA
- Carolina Paraguassú (1ª Secretária da ABD-GO)
carolparaguassu@gmail.com / (62) 8119-6369
- Luiz Felipe Mundim (Coordenador do Cine + Cultura da ABD-GO)
luizmundim@gmail.com / (62) 8453-2568

PRÓXIMAS EXIBIÇÕES:

DIA 10/03 – DIA INTERNACIONAL DA MULHER - Olhares Femininos (CLASSIFICAÇÃO: 16 ANOS)
- Messalina Cristiane Oliveira , RS, 2004, Fic, Cor, 35mm, 14’
- 3 Minutos Ana Luiza Azevedo , RS, 1999, Fic, Cor, 35mm, 6’
- Desventuras de Um Dia ou a Vida Não é Um Comercial de Margarina... Adriana Meirelles, SP, 2004, Ani, Cor, 10’
- Dalva Caroline Leone, SP, 2004, Fic, Cor, 16mm, 10’
- Meu Batom Tem Um Quarto Alyne Fratari e Leandro de Oliveira, GO, 2007, Doc, 17’
- Estória Alegre Claudia Pucci , SP, 2002, Fic, Cor, 16mm, 9’

DIA 17/03 – GLAUBER ROCHA – A aniversário de 70 anos de vida (CLASSIFICAÇÃO: 12 ANOS)
- Memória de Deus e do Diabo em Monte Santo e Cocorobó Agnaldo Siri Azevedo , BA, 1984, Doc, Cor, 35mm, 11’
- De Glauber para Jirges André Ristum, RJ/SP, 2005, Exp, Cor, 35mm, 18’
- Glauber é Rocha Ângelo Lima, GO, 2008, Exp, 13’
- Abry Joel Pizzini e Paloma Rocha , SP, 2003, Doc, Cor, Vídeo, 30’
- A Degola Fatal Clóvis Molinari Junior e Ricardo Favilla, RJ, 2004, Doc, Cor, 35mm, 13’
DIA 24/03 – REALIZA GOIÁS – Viviane Louise (CLASSIFICAÇÃO: LIVRE)
- O Anjo Alecrim Viviane Louise, GO, 2005, Doc, Cor, Vídeo, 18’
- Café Com Pão Manteiga Não Viviane Louise e Marcelo Benfica, GO, 2007, Doc, Cor, Vídeo, 52’

DIA 31/03 – SESSÃO CINECLUBE PARADISO (A confirmar)--

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Abertas inscrições para cinema documentário‏


A pós-graduação em Cinema Documentário do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) Fundação Getúlio Vargas está com inscrições abertas. O curso, de cunho teórico e prático, oferece oportunidades de inserção no mercado e em pesquisas no meio acadêmico. Ministrado por documentaristas e professores que promovem reflexões críticas sobre o tema, ao término do programa de disciplinas os alunos são estimulados a produzir um audiovisual pronto a ser submetido para financiamento.


A coordenação acadêmica é de Eduardo Escorel, cineasta que, entre outros trabalhos, assinou a montagem de obras como "Terra em Transe" e "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", de Glauber Rocha. Atuou ainda como docente na Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba, e assumiu cargos executivos na Embrafilme e na Associação Brasileira de Cineastas. O curso é voltado para graduados de todas as áreas do conhecimento que pretendem atuar profissionalmente como realizadores e pesquisadores de documentários. O início das aulas está previsto para abril. Mais informações no site www5.fgv.br/mgmrio.



Cineasta que começou a trabalhar no meio cinematográfico aos 20 anos como assistente de direção de Joaquim Pedro de Andrade em"O Padre e a Moça (1965). No ano seguinte, dirigiu com Júlio Bressane o documentário "Bethânia bem de Perto".


Nascido em São Paulo, em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro nos anos 1960, onde fez o curso de cinema promovido pela UNESCO e o Itamaraty e ministrado por Arne Sucksdorff em 1962 e graduou-se em ciências políticas e sociais na PUC.Para Joaquim Pedro, montou "Macunaíma" (1969), "Os Inconfidentes" (1971) e "Guerra Conjugal" (1974). Montou quatro filmes de Glauber Rocha "Terra em Transe" (1966) "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), "Der Leone Have Sept Cabeças" (1970) e "Cabeças Cortadas" (1970) - além de ter trabalhado com outros diretores do Cinema Novo, como Leon Hirszman, em "São Bernardo" (1971) e "Eles não Usam Black Tie (1981). Em 1969, dirigiu o documentário de curta-metragem "Visão de Juazeiro", e em 1976 fez seu primeiro longa, "Lição de Amor", inspirado em Mário de Andrade.


Como montador, atuou em diversos filmes de diferentes diretores e estilos, desde "Cabra Marcado para Morrer" (1984), de Eduardo Coutinho, a "Dois Perdidos numa Noite Suja (2002), de José Joffily.


Em 1980 dirigiu "Ato de Violência" (1980), baseado em uma história real, e em 1984, "O Cavalinho Azul", adaptação da peça infantil de Maria Clara Machado. A partir da década de 1990 deu novo fôlego à sua faceta de documentarista, com destaque para os filmes da trilogia histórica: "1930 - Tempo de Revolução" (1990), "32 - A Guerra Civil" (1993) e "35 - O Assalto ao Poder (2002).


Montou ainda "Achados e Perdidos" (2005), de José Joffily.Em 2005, voltou à direção, em parceria com Joffily, no documentário "Vocação do Poder", filme sobre a campanha eleitoral de seis candidatos a vereador no Rio de Janeiro. No mesmo ano, lançou o livro "Adivinhadores de Água", com crônicas e ensaios seus sobre o cinema. Em 2007, lançou o documentário "Deixa que Eu Falo", sobre a vida e obra do cineasta Leon Hirszman. Seus próximos projetos são (37-45), "Os Golpes do Estado Novo" e "Falo de Coração", que retrata formas alternativas de atuação política no sertão nordestino. Em 2008, recebeu o Prêmio ABC, da Associação Brasileira de Cinematografia, pela edição do longa "Santiago" (2007), de João Moreira Salles.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

2ª Mostra Competitiva do 1º Festival do Júri Popular

O 1º Festival do Júri Popular prossegue com sua segunda mostra competitiva nesta terça-feira (17), a partir das 20h30 horas, no Cine Goiânia Ouro, com reapresentação na quarta-feira (18), às 12h30.

O Festival está sendo realizado de forma simultânea em 19 cidades brasileiras: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Vitória (ES), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Belém (PA), Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Teresina (PI), São Luís (MA), Palmas (TO), Lençóis (BA) e Macapá (AP).

O evento apresenta uma nova fórmula do público interagir com o que assiste, se sentindo parte ativa do festival. Na entrada de cada sessão, todos os espectadores receberão uma cédula de votação referentes aos filmes a serem exibidos. Nela constarão informações sobre cada filme (como nome de diretores, fotógrafos, roteiristas, personagens) e um campo para a avaliação de todas as categorias separadamente. O espectador pode apontar como Ruim, Regular, Bom ou Ótimo, os itens julgados. Ao fim da projeção, as cédulas deverão ser depositadas numa urna instalada na saída das salas.

Premiação

A premiação e, por conseqüência, a avaliação do público serão nas seguintes categorias:Melhor Ficção, Documentário, Animação e Experimental;Melhor Direção, Roteiro, Fotografia, Montagem, Direção de Arte;Melhor Ator, Atriz;Melhor Trilha Sonora;O filme que receber o Grande Prêmio terá inúmeras gratificações, dentre eles: cópia 35mm do CTAv, Prêmio Aquisição Porta Curtas, oito horas de tape-to-tape dos Estúdios Mega, encode gratuito pela Rain, exibição antecedendo sessões mobilizadas da MovieMobz, distribuição em festivais pelo Curta o Curta, e outros serviços.

Programação

Minami em Close-up - A Boca em Revista, de Thiago Mendonça, 20', SP, doc - 41º Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro: Melhor Direção (Prêmio oficial curta em 35mm).A trajetória da revista Cinema em Close-up, que nos anos 70 tornou-se um sucesso de vendas publicando fotos de atrizes em poses sensuais e de seu editor Minami Keizi, é o ponto de partida para contarmos a história dos filmes da Boca do Lixo e seus personagens.

Beijo Francès, de Paulo F. Camacho, 10', RJ, fic - O tecido da intimidade de um casal que se depara com o que não tem solução: a solidão, em estado bruto.35mm, 2009, cor. 10' - RJ - PAULO F. CAMACHO. O diretor é um filtro de ver as coisas. Formado em cinema em 1999, embarcou em diferentes empreitadas audiovisuais a procura de uma linguagem própria. Usa barba e às vezes deixa apenas o bigode, é goleiro por falta de intimidade com as pernas e tem o costume de desaparecer para exercitar o ilusionismo.

No Tempo de Miltinho, de André Weller, 18', RJ, docInvestigação musical. Miltinho, cantor atuante desde os anos 40, empresta sua peculiaríssima voz para falar. O inconfundível estilo do Rei do rítmo é dissecado em entrevistas, apresentações musicais e imagens de arquivo.HDcam, 2008, cor. 18' - RJ - Festival do Rio 2008, Festival Pedra Que Brilha - Itabira, Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - Curta Cinema 2008, Festival da Lapa. ANDRÉ WELLER. Diretor, diretor de arte e músico. Dirige vídeos para tv, filmes institucionais e clipes musicais. Eleito o melhor diretor de arte pela MTV 1999 e festival de Goiânia 2006.

Noite de Serão, de Fernando Secco, 15', RJ, ficCinco caras... um sofá... uma esquina... e... nada a fazer. Último filme da Trilogia do Trabalho. DV, 2008, cor. 15' - RJ - Prêmio de Melhor Diretor, 13° Festival Brasileiro de Cinema Universitário, Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema 2008, Mostra CineBH, entre outros. FERNANDO SECCO. Diretor de doze curta-metragens, além de editor de um total de vinte e um curtas. Atualmente, trabalha na finalização dos curtas A Mulher e a Paisagem, de Paulo Ricardo de Almeida e Esquimó, seu primeiro documentário. Cursa Cinema na UFF, trabalha com edição de imagem e é editor da Revista Moviola (www.revistamoviola.com.br).

A Armada – O Outro Lado do Descobrimento, de Ric Oliveira, 14', SP, anim - 35mm, 2008, cor. 14' - SP - 18º Curta Kinoforum - Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, ANIMAGE - I Festival Internacional de Cinema de Animação de Pernambuco, 3° Festival do Paraná de Cinema Brasileiro e Latino, entre outros. Filme de animação inspirado na carta de Pero Vaz de Caminha e Os Lusíadas de Camões. Narra a viagem do descobrimento do Brasil, onde os deuses do Olimpo são representados pelos orixás do candomblé. RIC OLIVEIRA. Paulista, tem 40 anos; é arquiteto e trabalha com animação 3D de projetos de urbanização de favelas. Atua como curta-metragista e roteirista desde 2003. A Armada, o outro lado do Descobrimento é seu terceiro fiilme.

A Mulher Biônica, de Armando Praça, 19', CE, fic - 41 Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro. Um dia e duas lembranças da vida de Marta.35mm, 2008, cor. 19' - Ce - ARMANDO PRAÇA. Formado em Dramaturgia e Realização Audiovisual pelo Instituto Dragão do Mar. Reside em Fortaleza - Ceará, onde conclui estudos em Sociologia e trabalha como Assistente de Direção, Roteirista, Diretor e Produtor há 10 anos.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ilha das Flores: marco estético completa 20 anos


Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. Gênero Documentário, Experimental. Diretor Jorge Furtado. Elenco Ciça Reckziegel. Ano 1989. Duração 13 min. Cor Colorido. Bitola 35mm



Ficção em formato documental, filme de Jorge Furtado continua estranhamente contemporâneo – com um caráter visionário, o qual se situa na realidade que a obra retrata e ainda se faz, e cada vez mais, presente. Título tornou-se um ícone, dando origem a uma nova forma de narrativa cinematográfica."A câmera mostra exatamente o que o texto diz, da forma mais didática, óbvia e objetiva possível. Quando o texto fala em números eles são mostrados num quadro negro ou em gráficos." Esta foi, inicialmente, e para mim ainda é, a sinopse primária de um dos curtas-metragens brasileiros mais famosos no mundo, Ilha das Flores, de Jorge Furtado, que completa em 2009 seus 20 anos de lançamento.


O título tornou-se um ícone estético, dando origem a uma nova forma de narrativa cinematográfica no Brasil e influenciou muita gente em boa parte do planeta. Para marcar a data, o filme será exibido neste sábado, às 12h20min, no programa Curtas Gaúchos, da RBS TV. Haverá reprise na TVCOM domingo, às 8h15min, e à meia-noite.


Assista ao curta-metragem Ilha das Flores no site Porta Curtas: http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=647).


Ficção em formato documental, Ilha das Flores (1989) continua estranhamente contemporâneo – com um caráter visionário, o qual se situa na realidade que a obra retrata e ainda se faz, e cada vez mais, presente. É difícil ainda hoje não vê-lo como um documentário. O filme apresenta, em tintas cruas, o círculo do consumo em suas fases básicas e presentes, narrando em off a trajetória de um tomate, desde sua plantação até ser descartado, no aterro sanitário da Ilha das Flores, na região metropolitana de Porto Alegre.


Ilha das Flores foi amplamente reconhecido, recebendo vários prêmios, entre eles o Urso de Prata no Festival de Berlim 1990; Prêmio Crítica e Público no Festival de Clermont-Ferrand 1991; e Melhor Curta no Festival de Gramado 1989. Também rendeu reclamações de figurantes locais, que disseram que "não era nada daquilo" que se via no filme. Confusão entre realidade e ficção, eis o que a linguagem desta obra marcou na História do cinema contemporâneo.


A produção, da Casa de Cinema de Porto Alegre, tem o roteiro inspirado na linguagem do discurso científico – com percentuais, gráficos e olhar distante do objeto de observação, cuja raiz deu origem ao relato documental-jornalístico. O filme, embora pareça, mas não é, um documentário, mostra como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos. E também mostrou como uma linguagem pode parecer o que não é. No limite, mostrou o que é arte.


Poder-se-ia dizer que Furtado quis fazer filosofia da linguagem, exercitando paradoxos, ou, quem sabe, talvez, um manifesto. Sobre um fundo preto há, em branco, por exemplo, o seguinte: "Este não é um filme de ficção". "Esta não é a sua vida." "Deus não existe." Na América cristã, ninguém foi tão longe no cinema até hoje. Ilha das Flores foi eleito pela crítica européia, em 1995, como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século 20.Na arte do cinema, no âmbito estético e do discurso, pode-se dizer ainda não há nada igual. (Simone Marques)


Jorge Furtado e o cinema construtivo


Em sua monumental e já célebre dissertação sobre o cinema documentário brasileiro1, Sílvio Da-rin analisa os documentários de Jorge Furtado no mesmo capítulo dedicado a Arthur Omar, e os dois sob a égide do cinema reflexivo. Cinema reflexivo seria aquela espécie de documentário que não considera mais a câmera como espelho privilegiado da realidade, mas como objeto problemático, frágil, que merece que se mergulhe por um tempo no problema da representação documentária.


Exemplo típico é Congo, de Arthur Omar que, ao invés de ser o documentário etnográfico que todo mundo espera de um filme com esse nome, não nos dá nenhuma imagem desse ritual folclórico, mas antes enche a tela de questionamentos a respeito da representabilidade de um movimento vivo para a tela. Se inserem, então, na categoria de filmes reflexivos aquelas obras que problematizam pela própria linguagem do documentário as "verdades" e os "documentos" que elas estão trazendo à luz (do público, da tela).


Leia a crítica cinematográfica a Ilha das Flores no site da revista Contracampo.http://www.contracampo.com.br/47/furtadocumentario.htm

1. Sílvio Da-rin,O Espelho Partido – Tradição e transformação do documentário cinematográfico. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, ECO/UFRJ, 1995.